quinta-feira, setembro 21, 2006

O Peculiar Humor Nipônico

É de se notar a veracidade daquela velha tese de que o povo japonês é um povo estranho (eu me incluo fora dessa). Mas de todas as particularidades deste pequeno país, uma que causa muita curiosidade é a maneira como o humor é tratado em seus programas televisivos de entretenimento. Eles fazem da subversão e da humilhação alheia um motivo nobre para rir, produzindo uma mistura de Jackass com Silvio Santos. Talvez por isso que o humor japonês seja universal: por tratar de uma forma banal os piores momentos de uma pessoa - que não é você, o que torna as coisas mais engraçadas - qualquer um em qualquer lugar do mundo consegue entender o que se passa.

Logo abaixo segue alguns pequenos exemplares desta peculiar forma de se entreter:


Pegadinhas fazem sucesso no mundo inteiro e no Japão não é diferente. Mas este vai além. Talvez nem o Ivo Holanda em sua fase mais masoquista bolaria algo desta estirpe.


Este programa consiste em brincar de ficar sério. E caso alguém esboce uma risada, eles apanham - e feio. Para piorar, os competidores são obrigados a assistir um video em inglês pouco instrutivo, mas muito engraçado.


Neste aqui, eles usam aquela velha tática de provocar a dor e a recompensa, só que sem a parte da recompensa. Nele, os competidores precisam entoar uma espécie de trava-línguas sem errar pois, caso contrário, eles terão que tomar uma gemada.


E por último, mas não menos importante, uma brincadeira que faria sucesso nas universidades brasileiras. Nele temos seis cartas que são escolhidas pelos competidores, sendo que uma delas é diferente das outras. A pessoa que virar a tal carta, precisa cumprir algum tipo de punição que é definida antes de cada rodada. Note a camaradagem e a união dos competidores ao saberem que não serão os castigados.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Lendas do Rock: The Rutles


Eles eram talentosos, boa-pintas e ricos. Nos anos 60, arrastavam multidões para vê-los. Lançaram tendências e revolucionaram o rock. É claro que estamos falando dos Rutles, a banda que elevou a enésima potência aquilo que foi a Beatlemania.

De fato, todos conhecem a história dos quatro garotos de Liverpool (Dirk McQuickly, Stig O'Hara, Ron Nasty e Barry Worn), que conquistaram o mundo e encheram os bolsos de dinheiro. Os garotos começaram tocando num bar em Liverpool chamado Cavern Club, após persuadirem o dono do local afundando sua cabeça num galão d'água. Ele concordou de prontidão.

Em pouco tempo, os Rutles já faziam um enorme sucesso. O single Hold My Hand estourou nos EUA e deu o ponta-pé inicial para a Rutlemania. Tanto que, em 1964, quando a banda foi fazer seu primeiro show nos States, 10.000 fãs estavam no Aeroporto Kennedy gritando enlouquecidamente. Infelizmente, os Rutles desembarcaram no Aeroporto La Guardia.

Polêmicos, causaram alvoroço quando Nasty afirmou que os Rutles eram maiores que Deus, pois este nunca havia produzido uma canção de sucesso. Muitos religiosos queimaram seus álbuns (e consequentemente, as mãos) em protesto. Além disso, foram marcados também pelo uso de substâncias psicotrópicas como o chá, que fora introduzido aos Rutles por Bob Dylan. O efeito relaxante da substância inpirava na criação de canções e acabou tendo grande influência no disco Sgt. Rutter's Only Darts Club Band, considerado um dos melhores da banda.

Nessa época, o guitarrista Stig acabou se envolvendo com um guru chamado Arthur Sultan, um mistico de Surrey, e começou a usar o tabuleiro de Ouija. Eles também lançaram um filme chamado The Tragical History Tour, que foi massacrado pela crítica. O longa conta a história de três professores de História que fazem uma turnê pelas casas de chá da Inglaterra.

Em 1969, o clima entre os Rutles já começava a ficar tenso. O lançamento de Let It Rut em forma de álbum, filme e processo judicial, expôs uma imagem nunca vista antes dos Rutles: cansados, infelizes, nervosos. Até que em 1970, Dirk processou Stig e Nasty, Barry processou Dirk, Nasty processou Stig e Barry, e Stig processou a si mesmo por engano. Era o fim dos Rutles.

Rumor: Dirk is Deaf?


A lenda em torno dos Rutles era maior do que eles mesmos. A primeira a surgir era sobre a integridade física e corpórea do guitarrista Stig O'Hara. Conta a lenda que Stig teria morrido num incêndio de uma fábrica de colchões d'água e teria sido substituído por uma estátua de cera do Madame Tussauds. Alguns fatos parecem comprovar essa tese. Primeiro que, ainda que ele fosse o "quiet Rutle", Stig não tinha dito uma palavra em público desde 1962. Em segundo lugar, na capa do album Shabby Road, ele é o unico que não está usando calças que, de acordo com um antigo costume italiano, significa morte.

Além disso, se você disser o título Sgt. Rutter's Only Darts Club Band de trás pra frente, o som sairá parecido com "Stig has been dead for ages honestly" (Honestamente, Stig está morto há anos). Na verdade, soa mais parecido com "dnab bulc strad ylno srettur tnaegres".

Mas a lenda que realmente intrigou os fãs foi o rumor de que o baixista Dirk McQuickly estaria surdo. A história conta que isso ocorreu após um acidente automobilístico envolvendo um caminhãozinho de sorvete. Mas os Rutles, que nunca puderam revelar este segredo, colocaram dicas para que os fãs soubessem do fato.

A primeira dica vem da capa do álbum A Hard Day's Rut, no qual há uma foto (na terceira linha da quarta coluna) em que Dirk aponta o dedo para o ouvido, numa pose que indica a consciência da perda da audição.

Outra dica vem do disco Sgt. Rutter's Only Darts Club Band. Na capa, Dirk é o único que não segura uma trombeta, possivelmente para não ficar associado àqueles cones que os surdos usam na orelha para amplificar o som. Além disso, acima de sua cabeça há a palma de uma mão, que na lingua dos surdos significa "olá".

E por último, no álbum Shabby Road, Dirk é o único que está descalço. Isso evidencia sua falta de audição porque, caso contrário, ele poderia ouvir os alertas de que o asfalto estava quente e queimaria seus pés.

Dirk McQuickly nunca comentou sobre o assunto. Talvez porque nunca ouviu ninguém perguntar. Atualmente, Dirk dedica-se à comédia (sob o pseudônimo de Eric Idle), após formar um grupo punk com sua mulher chamado Punk Floyd. Ele cantava, ela não.

Fonte: http://www.rutles.org