Vamos Agora Louvar os Famosos Duendes da Morte
Lester Bangs possuia uma imagem nefasta, daquelas que valeria a pena atravessar a rua só para não cruzar o seu caminho. Seu cabelo desgrenhado e seu vasto bigode à la Hell's Angels faziam-no parecer ter saído de um filme B dos anos 70. Além disso, tinha o hábito de se vestir como um dono de uma loja de discos underground do centro decrépito de alguma cidade da Califórnia - se já viste Alta Fidelidade, talvez saiba do que estou falando.
Mas bizarrices à parte, Lester é até hoje reverenciado como um dos maiores críticos musicais que o mundo já viu. Tanto que recebeu homenagens de duas majestosas bandas: REM (em "It's the End of The World") e os Ramones (na canção, "It's Not My Place"). Também obteve uma menção honrosa no filme "Quase Famosos", de Cameron Crowe, no qual Philip Seymour "Capote" Hoffman teve o privilégio de interpretar Bangs.
E o que Lester tinha de especial? Difícil dizer. Ele não era o mais brilhante, nem tinha o gosto mais refinado (até aí, nenhum crítico tem), tampouco era rebuscado. Mas Lester escrevia com a alma e não temia voltar atrás quando errava. Tirar sarro dos músicos e de sua própria profissão era outra máxima de Bangs. Por isso preferia enfrentar a fila, junto à gentalha, do que pertencer ao mundo VIP das tribunas de imprensa. Sua idéia de música era democrática e comunitária e não restrita a uma oligarquia. Por isso que também repudiava o estrelato: "um rockstar é apenas uma pessoa".
Não é à toa que ele foi considerado um "maldito" - a classe dos escritores marginalizados, cujo niilismo encontra-se num grau incomensurável. Escrever desregradamente e com doses de álcool e anfetamina no cérebro é outra característica dos "malditos", a exemplo de Charles Bukowski e Hunter S. Thompson. De fato, Lester tinha tudo pra entrar nesse rol: era instrasigente em suas opiniões, dava vazão aos sentimentos e era um adepto do new journalism, mas que poderia muito bem se considerar um filho bastardo do jornalismo gonzo.
Só que Bangs não tinha a vivacidade de Thompson, nem era um cronista do submundo como Bukowski - e nem poderia ser diferente. Mas Lester resolveu fazer mais pelo rock do que qualquer outro. Definiu os termos de Heavy Metal e Punk Rock, quando estes surgiram no começo dos anos 70; acompanhou o começo do fenômeno da música eletrônica, com Kraftwerk; destruiu o ego exarcebado de Lou Reed e desceu o pau em Elvis Presley em pleno mês de sua morte, chegando a compará-lo ao Pentágono: "[...] uma gigantesca instituição blindada da qual ninguém sabe nada a respeito exceto que seu poder é lendário."
Lester Bangs começou como freelancer na Rolling Stones, em 1969. Fez colaborações até 1973 quando foi mandado embora por ser "desrespeitoso com músicos". Teve publicações também na Village Voice, na Playboy e NME, mas fez sucesso mesmo na revista Creem. Com liberdade editorial, Bangs começou a traçar seu estilo e, desde então, passou definir a maneira de escrever sobre o rock. Morreu em 1982, aos 34 anos, numa overdose de medicamentos contra o alcoolismo, mal que combatia desde o fim dos anos 70.
Diante disso, é interessante perguntar: se em 12 anos ele revolucionou a maneira de ouvir e de escrever sobre música, o que Bangs não faria se ainda estivesse vivo? O que ele diria sobre a emersão do grunge e do suicídio de Kurt Cobain? Ou do Oasis e seu ego megalomaníaco? O que diria da possível volta do Pink Floyd? E da revolução da música digital e do Ipod? E de Maddona e Britney Spears? E do New Metal ou da onda Emo? E do The Strokes, a "salvação" do Rock? Infelizmente, Bangs perdeu muita coisa. E nós também.
Mas bizarrices à parte, Lester é até hoje reverenciado como um dos maiores críticos musicais que o mundo já viu. Tanto que recebeu homenagens de duas majestosas bandas: REM (em "It's the End of The World") e os Ramones (na canção, "It's Not My Place"). Também obteve uma menção honrosa no filme "Quase Famosos", de Cameron Crowe, no qual Philip Seymour "Capote" Hoffman teve o privilégio de interpretar Bangs.
E o que Lester tinha de especial? Difícil dizer. Ele não era o mais brilhante, nem tinha o gosto mais refinado (até aí, nenhum crítico tem), tampouco era rebuscado. Mas Lester escrevia com a alma e não temia voltar atrás quando errava. Tirar sarro dos músicos e de sua própria profissão era outra máxima de Bangs. Por isso preferia enfrentar a fila, junto à gentalha, do que pertencer ao mundo VIP das tribunas de imprensa. Sua idéia de música era democrática e comunitária e não restrita a uma oligarquia. Por isso que também repudiava o estrelato: "um rockstar é apenas uma pessoa".
Não é à toa que ele foi considerado um "maldito" - a classe dos escritores marginalizados, cujo niilismo encontra-se num grau incomensurável. Escrever desregradamente e com doses de álcool e anfetamina no cérebro é outra característica dos "malditos", a exemplo de Charles Bukowski e Hunter S. Thompson. De fato, Lester tinha tudo pra entrar nesse rol: era instrasigente em suas opiniões, dava vazão aos sentimentos e era um adepto do new journalism, mas que poderia muito bem se considerar um filho bastardo do jornalismo gonzo.
Só que Bangs não tinha a vivacidade de Thompson, nem era um cronista do submundo como Bukowski - e nem poderia ser diferente. Mas Lester resolveu fazer mais pelo rock do que qualquer outro. Definiu os termos de Heavy Metal e Punk Rock, quando estes surgiram no começo dos anos 70; acompanhou o começo do fenômeno da música eletrônica, com Kraftwerk; destruiu o ego exarcebado de Lou Reed e desceu o pau em Elvis Presley em pleno mês de sua morte, chegando a compará-lo ao Pentágono: "[...] uma gigantesca instituição blindada da qual ninguém sabe nada a respeito exceto que seu poder é lendário."
Lester Bangs começou como freelancer na Rolling Stones, em 1969. Fez colaborações até 1973 quando foi mandado embora por ser "desrespeitoso com músicos". Teve publicações também na Village Voice, na Playboy e NME, mas fez sucesso mesmo na revista Creem. Com liberdade editorial, Bangs começou a traçar seu estilo e, desde então, passou definir a maneira de escrever sobre o rock. Morreu em 1982, aos 34 anos, numa overdose de medicamentos contra o alcoolismo, mal que combatia desde o fim dos anos 70.
Diante disso, é interessante perguntar: se em 12 anos ele revolucionou a maneira de ouvir e de escrever sobre música, o que Bangs não faria se ainda estivesse vivo? O que ele diria sobre a emersão do grunge e do suicídio de Kurt Cobain? Ou do Oasis e seu ego megalomaníaco? O que diria da possível volta do Pink Floyd? E da revolução da música digital e do Ipod? E de Maddona e Britney Spears? E do New Metal ou da onda Emo? E do The Strokes, a "salvação" do Rock? Infelizmente, Bangs perdeu muita coisa. E nós também.
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