quinta-feira, setembro 15, 2005

Quanto custa cruzar o mundo?

Num sábado desses parti numa aventura cultural, também conhecida como "ir ao bar". Garanto-lhe, e como-lhe, que nunca vi tamanha diversidade em um final de semana apenas, talvez o suficiente para cruzar o Brasil e o mundo em apenas poucas horas. De princípio, parti com um amigo japonês de um ponto de ônibus amaldiçoado por nordestinos bebendo pinga vagabunda da roça de onde vieram. Já na Avenida Paulista, onde os businessman fazem business, alguns baderneiros estavam breacos demais para perceber que estavam "brincando" com pessoas do mesmo sexo. Pensei eu que aquilo devia ser alguma moda francesa, pois eles tem uma reputação difamada. Seguindo em frente, e com mais pressa, paramos em uma hamburgaria para afugentar a larica. Engraçado, refleti comigo mesmo, como um prato alemão é tão comercializado por americanos? Será que os alemães não patentearam a melhor invenção da nação? Provavelmente não. Devem ter dado mais bola pra'quele carinha de língua pra fora e cabelo zuado que dizia o que todo mundo já sabe, que tudo é relativo. Não seria lógico que tudo é relativo? Este ensaio em si, pode ser bom pra você e ruim pra mim, depende... É RELATIVO... Mas esquecendo a asnice alemã e o oportunismo americano, e lembrando que a fome já estava a boa distância, seguimos para o bar irlandês que meu amigo japonês quis conhecer. Logo na porta um negão que parecia um armário nos intimidava a não cometer loucuras das quais ele desaprovaria. Recado dado. Comedidos e sem muitos desejos de ultraviolência, seguimos em frente. Na verdade seguimos para baixo, pois o lugar era underground, mas era um underground conhecido, e não remetia aos sons do punk dos anos 70, onde o underground era também muito horrorshow. O bar só ficava embaixo da terra. Na angústia de conhecer os temperos mundiais da cevada, bebemos cervejas irlandesas, mexicanas e australianas. Tudo muito agradável. Depois de muito horrorshow fomos embora, a tempo ainda de conhecer arguilés exóticos marroquinos (que infelizmente foram monopolizados, e não pudemos nos usufruir deles) e charutos mal-enrolados que não eram cubanos, e nem deus nem exú sabem de onde eles vieram. No fim da noite acompanhei o GP da Bélgica de F1 e na vitória finlandesa, e sem tempo de bater as botas, cai na cama. O que dizer da globalização? Com ela, cruzar o mundo não custa nada, mas meu fígado pagou o preço da viagem.